Um determinado dia eu estava escrevendo sobre a sombra e por "ironia da sincronicidade" ( não da para falar "ironia do destino", afinal, o acontecimento mudou de alguma forma o que eu estava escrevendo), tive contato com uma animação que ganhou o prêmio de melhor filme do Anima Mundi 2011.
Essa animação me chamou muito atenção porque descreve com exatidão a sombra que revela a inferioridade e a existência de uma parte da personalidade não desenvolvida e segundo Jung:
"Nesta faixa mais profunda o indivíduo se comporta, relativamente as suas emoções quase ou inteiramente descontroladas, mais ou menos como os primitivos que não só e vitima abúlica de seus afetos, mas principalmente revela uma incapacidade considerável de julgamento moral."
O Filme se chama "Paths of hate" e conta a historia de uma batalha aérea, em um determinado momento os pilotos se transformam em criaturas com um único sentimento, o ódio.
Quando não reconhecemos o que existe de inferior sempre corremos o risco de nos tornar como tal, neste ponto já não sabemos quem somos ou quem é o outro, há uma certa confusão a nosso respeito, e como uma cortina negra seguimos passando por cima de tudo e de todos para conquistar aquilo que um dia desejamos.
É muito comum eu receber pessoas no consultório que ficam impressionadas com suas próprias historias, pois acreditam que as historias do passando foram enterradas e que nada influencia o momento presente. O que muitos não percebem é que esses conteúdos atuam no presente das mais variadas formas.
Quando enterramos algo do passado, enterramos uma parte de nós mesmos, porém, essas partes esquecidas voltam exigindo seu reconhecimento, exigindo aquilo que lhes foi tirado. São sombras que nos tomam e que nos fazem esquecer quem somos nós.
Enquanto não reconhecemos nossa responsabilidade por essas historias do passado, não temos possibilidade de seguir, de se desenvolver e ser quem somos verdadeiramente.
Daniel Gomes
psicoterapeuta junguiano
dgterapia@gmail.com
Muito bom, me sugeriu uma reflexão sobre desapego, a aceitação de que experiencias passadas, que formam quem eu sou ou serei de fato, e também a necessidade de descarte daquilo que não mais é útil nem tão pouco necessário a minha realidade atual, diz muito sobre o que sou e o que passo e passarei ao longo dos anos que viram. E realmente é muito importante este reconhecimento, compreensão e tomada de decisão com relação ao que fazer com essa "bagagem" toda carregada esses anos todos e esse pseudo esquecimento desses fatos. Muito bom mesmo.
ReplyDelete